top of page

Acompanhe aqui               

todas as notícias

deste projeto   

© ADPM, ribeira de Oeiras

painel de entrada.jpg
salgueiro.jpg

14 Ago 2019

Saramugo a salvo com ações de restauro fluvial do projeto VALAGUA

O Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) promoveu, no âmbito do projeto VALAGUA, o restauro fluvial de um troço de 1500 m no barranco dos Alcaides, onde ocorre o saramugo (Anaecypris hispanica), um peixe endémico da bacia do Guadiana, com estatuto desfavorável e de conservação prioritária.

O barranco dos Alcaides, afluente do rio Chança, no município de Mértola (Portugal) é um dos poucos locais onde a presença deste pequeno peixe exclusivo da bacia do Guadiana ainda ocorre.

 

Não obstante, havia nos últimos anos, sido identificada uma ameaça à sobrevivência da espécie: a passagem diária de gado caprino durante o período de estio, que contribui para a degradação da vegetação ribeirinha e para a degradação da qualidade da água dos pegos onde os animais persistem. O abeberamento direto na linha de água e a livre circulação do gado nas ribeiras constituem, efetivamente, fatores de pressão que degradam a qualidade da água, em especial nos pegos, onde a água não é renovada. Sendo que, neste caso, o facto das espécies aquáticas estarem restringidas ao pego sem capacidade de fuga agrava os impactes do acesso do gado sobre o ecossistema ribeirinho, comparável aos efeitos negativos sobre a saúde de um grupo de seres humanos num local fechado com ar viciado.

 

As medidas de mitigação deste problema passaram assim pela instalação de uma vedação colocada numa extensão de 1500 metros, que permitisse impedir o acesso do gado à faixa de Domínio Hídrico. Como contrapartida foi proporcionado ao gado um outro local de abeberamento, a partir de uma captação de água subterrânea junto ao Monte Novo dos Alcaides.

 

Na área intervencionada existem pegos que resistem ao período de estio e sobretudo aos episódios de seca severa, como os de 2004/2005 e de 2016/2017. A recuperação da vegetação ribeirinha é igualmente determinante para a melhoria das condições de sobrevivência das espécies no pego, na medida em que contribui para a diminuição da evaporação e para a manutenção das condições físico-químicas da água adequadas, fornece refúgio e promove a ocorrência de invertebrados, que são uma fonte de alimento relevante para os peixes. Neste sentido, foi melhorada a vegetação ribeirinha em cinco pegos através da instalação de estacas de salgueiros (Salix atrocinerea), freixos (Fraxinus angustifolia) e choupos-brancos (Populus alba), no final de 2018. No local foi ainda instalada uma placa informativa que permite conhecer os valores naturais presentes e valorizada uma zona de lazer para tornar o uso público do espaço mais aprazível.

 

Com o contributo do projeto VALAGUA, este é o primeiro verão em que os saramugos estão a salvo da pressão do gado na linha de água. A confirmação do bom estado vegetativo das plantas instaladas, no início deste verão, vaticina o sucesso do restauro, que culminará no desenvolvimento da galeria ripícola e no seu contributo para a resiliência dos pegos face às alterações climáticas.

 

 

bottom of page